3 pilareos no tratamento para autismo

3 pilares do êxito no tratamento para autismo

Geralmente, uma criança que já recebeu um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista – TEA, a partir de uma certa idade ela está convivendo com terapeutas, professores e outros profissionais da área da educação e a família que ela já convive. À essa altura todos estão empenhados ou pelo menos deveriam, no desenvolvimento da criança. Mas será que conhecem os benefícios de conciliar os 3 pilares do êxito no tratamento para autismo?

Já disse aqui no Blog que a falta de informação é algo que impacta muito no desenvolvimento da criança com atrasos do neurodesenvolvimento. Mas há outro erro que pode ser cometido por alguma das partes que é achar que a responsabilidade do desenvolvimento da criança é apenas da terapia, ou ainda que a responsabilidade é exclusiva da família.

Isso piora mais quando alguma dessas partes resolvem culpar a outra pela demora no desenvolvimento dessa criança, negligenciando sua própria participação nesse processo.

Quando se trata da medicina convencional, ao procurarmos um médico devido uma determinada dor que sentimos, logo após diagnosticado a doença, tomamos o remédio e realizamos o tratamento prescrito pelo médico. É esperado a cura para essa enfermidade e quando isso não acontece, voltamos ao médico novamente para reavaliar porque a cura não aconteceu como esperado.

Mas quando se trata de qualquer transtorno no desenvolvimento da criança isso se torna muito complexo. A começar pelo diagnóstico que precisa de um profissional bem capacitado. No post “Como é feito diagnóstico para autismo” falo um pouco sobre a complexidade desse diagnóstico.

Entretanto, a busca por soluções rápidas e milagrosas ou medicamentos que prometem melhoras, não caracterizam o melhor caminho para resolver as demandas encontradas no TEA.

Em um transtorno tão complexo como TEA, para haver um bom resultado no desenvolvimento da criança, é necessário ir além de bons terapeutas, escolas ou materiais pedagógicos caros.

Assim como em um time de futebol, por exemplo, é necessário que haja uma boa interação entre todos os integrantes desse time para conquistar uma boa partida, para o desenvolvimento de uma criança isso também se torna necessário!

Em um time de futebol, não adianta a defesa ser muito boa se os atacantes não conseguirem marcar gols, nem tampouco os atacantes marcarem gols, mas a defesa deixar passar todos os ataques do time adversário.

Quando há a integração da escola-terapia-família, a criança tem um ganho significativo no seu desenvolvimento. Mesmo em crianças neurotípicas é necessário haver a integração da família com a escola. E devido a criança atípica estar em intervenção com vários profissionais, essa integração se faz necessária.

Os 3 pilares

Escola

De acordo com a Lei brasileira de Inclusão,  13.146/15 é garantida a educação de pessoas com necessidades especiais em Escolas de Ensino Regular, conforme estabelecido no Capítulo IV.

Entretanto o que vemos na prática, é uma dificuldade no desenvolvimento de propostas pedagógicas específicas e profissionais pouco capacitados para promover a inclusão dessas crianças.

Isso quer dizer que, há uma necessidade de sincronizar o plano pedagógico que a criança vai seguir na escola, com o trabalho que está sendo realizado pela equipe terapêutica, levando em consideração o nível de comprometimento da criança.

A escola tem um papel muito importante no desenvolvimento da criança, não apenas pedagógico, mas proporciona a inclusão, socialização, estimula a comunicação, entre outros fatores que são críticos para uma criança com TEA.

Terapia

Na terapia, após as avaliações, são mapeadas as habilidades que a criança possui e as que precisam ser trabalhadas. Quando essa criança está em uma intervenção intensiva e com uma equipe multidisciplinar, essas habilidades são trabalhadas com objetivo de reduzir ao máximo os déficits.

Porém, é necessário que a criança consiga ampliar o seu repertório comportamental e generalizar as habilidades adquiridas fora do ambiente de uma clínica, ou seja, nos outros ambientes sociais que a criança frequente.

Dessa forma vemos que o desenvolvimento da criança será muito melhor se ela usar todo o contexto familiar e escolar para se desenvolver, pois são esses ambientes que favorecem generalização das habilidades desenvolvidas em terapia.

Família

A família é o primeiro vínculo social que a criança estabelece. Os pais ou cuidadores exercem o papel importante no desenvolvimento dessa criança, proporcionando abrigo, alimento, cuidado, afeto.

Os pais ou cuidadores são as pessoas mais capacitadas a dizer sobre essa criança. Entretanto quando diante de uma intervenção, como no caso do TEA que estamos tratando nesse artigo, as orientações da equipe multidisciplinar se faz necessário para melhor resultado da intervenção.

Para que isso tudo caminhe de forma harmoniosa, é indispensável um ambiente organizado, rotinas bem estabelecidas e garantir a continuidade do tratamento que a criança recebe da equipe terapêutica em casa.

Benefícios de conciliar os 3 pilares no tratamento para autismo

Aqui podemos analisar o desfecho de uma boa intervenção, fazendo jus a várias metáforas ou analogias, como da equipe de futebol que mencionei acima, ou ainda “uma andorinha sozinha não faz verão”.

Quero que você saiba que todo esforço diário pelo desenvolvimento do seu filho não é inválido, ele produzirá resultados e terá impacto no desenvolvimento dele.

Mas quando o trabalho é feito integrando esses 3 pilares do êxito no tratamento para autismo, escola-terapia-família, o desempenho da criança acontece de forma mais rápida e eficiente.

Ampliando assim as possibilidades comportamentais da criança em generalizar comportamentos, aquisição de habilidades que favorecem autonomia e repertório acadêmico satisfatório, dentro das possibilidades da criança.

Vale ressaltar que para que esses 3 pilares no tratamento para autismo de fato seja um sucesso, é necessário que haja respeito e confiança em cada uma das partes envolvidas. O mérito não é de um só e quem ganha nesse jogo é a criança.

Um abraço,

Rachel Chaves

Diagnóstico de autismo é coisa séria! Cuidado com opniões e achismos de pessoas não capacitadas para o correto diagnóstico.

Como Diagnosticar Autismo

Como é feito o diagnóstico?

A avaliação para o diagnóstico de autismo é de grande complexidade, pois não há exames de imagem ou laboratoriais que possam auxiliar em nem tampouco traços característicos no corpo de formação biológica. 

Então esse diagnóstico é clínico, realizado pela observação direta do comportamento da criança (ou adulto) e também com entrevistas com pais ou cuidadores. Somente após análise detalhada do comportamento feita por profissional especializado pode se chegar a esse diagnóstico.

Qual profissional pode diagnosticar o autismo?

Geralmente, a criança é encaminhada devido observações feitas por professores, pediatras ou psicólogos nas crianças ou mesmo relato dos pais.

Mas o diagnóstico só pode ser feito por médico especializado sendo neuropediatra ou psiquiatra infantil. 

Nesse tópico, vale ressaltar a necessidade de se procurar um profissional qualificado, pois atualmente existem pessoas que não são especializadas, ou sequer são da área da saúde que oferecem tratamentos alternativos sem comprovações científicas.

O Blog Autismo e Realidade escreveu sobre o que fazer na primeira consulta com neuropediatra. Se você tem dúvidas ou não tem segurança em procurar um neuropediatra, vale a pena conferir o post para facilitar o diagnóstico e te dar mais segurança.

O que fazer caso diagnóstico confirmado?

Com o diagnóstico de autismo, a criança será encaminhada para terapia, onde ela será acompanhada de acordo com sua necessidade de desenvolvimento (psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, etc). Vale lembrar que cada criança apresenta uma necessidade diferente dependendo do nível de comprometimento comportamental presente.

Existe diagnóstico equivocado/falso?

Devido ao que a ciência chama de espectro que os transtornos podem apresentar, se torna muito delicado um diagnóstico exato, principalmente quando a criança se apresenta nos extremos dos níveis de funcionamento intelectual, podendo ser traços leves difíceis de se diferenciar da timidez, por exemplo, até comorbidades que podem estar acompanhadas como TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), TOD (transtorno opositivo desafiador), entre outros.

Dessa forma volto a destacar a necessidade da procura por profissionais especializados.

Um ponto muito importante a se destacar é que, quanto antes o diagnóstico for feito, você estará aumentando as chances de desenvolvimento nas áreas que ela tiver dificuldade. Realizando a terapia na idade em que ela está desenvolvendo suas habilidades cognitivas, aumenta consideravelmente as chances dela conseguir se tornar independente, entender melhor como se socializar, melhora na fala e na comunicação em geral.

Quando se trata de dificuldades no neurodesenvolvimento, o melhor é não ficar na dúvida, procurar ajuda especializada e iniciar intervenções o quanto antes para aumentar as chances de sucesso no tratamento.

Se você tem algum tipo de suspeita ou dúvida, já foi orientada por algum professor na escola, parente ou amigo a levar seu filho em algum profissional, eu fiz um post aqui com um checklist da Academia do Autismo que auxilia  como diagnosticar autismo, se os comportamentos observados na criança, podem ter esse traços.

Créditos da imagem: Pessoas foto criado por senivpetro – br.freepik.com

Um grande abraço, Rachel Chaves

5 fases do luto no autismo

As 5 fases do luto no Autismo, como acontece?

Para entender as 5 fases do luto no autismo, temos primeiro que entender o que é o luto.

É indiscutível que ele faz parte da vida do ser humano, e a utilização dessa palavra que mais conhecemos é a perda por morte, de um familiar ou amigo.

Mas o luto vai além da perda de alguém e na verdade tem a ver com a perda de algo que gostamos, podendo ser desde um objeto, à uma posição social, animal de estimação, perda do posto de trabalho ou ainda a impossibilidade de viver algo idealizado ou esperado.

Pensando dessa forma, o luto está mais ligado a um processo, ou travessia do que um estado e se caracteriza pelo conjunto de reações que temos frente a uma perda significativa.

Existem algumas etapas no processo do luto de uma forma geral, que não precisam acontecer em uma sequência exata, mas que de uma forma ou de outra vão estar presentes nesse processo.

Essas fases didaticamente enunciadas sobre a fase do luto, tem como base as experiências da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, em seu livro Sobre a Morte e o Morrer.

Vale ressaltar que, não é apenas na perda por morte que essas fases estarão presentes, mas nos mais variados contextos como citado acima.

O nascimento de uma criança traz consigo a idealização de expectativas, sonhos e anseios, sobre a vida desse pequeno ser, que diante de um diagnóstico de uma doença, deficiência ou mesmo transtorno do neurodesenvolvimento, coloca esse sonho em xeque.

Entretanto é nesse contexto que vemos que com o autismo não é diferente, a vivência do processo de luto. Ele se dá no momento em que se percebe que há comportamentos diferente do esperado e a impossibilidade de viver o idealizado.

É certo que cada um tem sua forma encarar a situação presente, desde as desconfianças de algo não está como esperado até o processo do tratamento.

Mas entender essas etapas pode tornar menos traumático e até mesmo facilitar o processo de aprendizado de uma criança, afinal, quanto mais cedo iniciar um tratamento, melhor será a resposta ao aprendizado.

Em qualquer dificuldade que temos na vida, é muito mais difícil quando temos dúvidas ou simplesmente não aceitamos que temos um problema. Esses passos com certeza podem te ajudar a entender melhor seus sentimentos e facilitar o processo de busca por ajuda especializada.

1 – Negação

Nunca nos preocupamos tanto com o êxito das nossas realizações como agora e quando algo não sai como esperado, uma das primeiras tendências que temos é negar que algo de ruim possa acontecer conosco.

Quando algum familiar levanta alguma suspeita, logo tentamos argumentar que a criança é tímida, que puxou para algum parente com aquela característica. Ou na escola, um professor diz que seu filho não se concentra, não interage e nos agarramos ao pensamento de que ele está com algum problema comportamental.

Algumas pessoas têm dificuldade em aceitar até mesmo após o diagnóstico e querem consultar outros especialistas, tentam ocultar de familiares e amigos e até mesmo esperam o tempo passar para ver se há alguma mudança no comportamento do filho.

O problema da fase de negação é que, além aumentar a dor da frustração devido o desenvolvimento do seu filho não sair como era esperado, ocorre um atraso no início do tratamento, podendo perder fases valiosas no desenvolvimento do filho.

2 – Raiva

“Por que isso está acontecendo logo comigo? O que eu fiz para merecer?”

“Só pode ser hereditário, e veio da sua família!”

Antes de julgar alguém que pense dessa forma, precisamos entender que o ser humano vive de idealizações. Sempre que tomamos uma decisão, já idealizamos o que queremos e como queremos, e quando as coisas não saem como esperado vem uma grande frustração e com ela algum grau do sentimento de tristeza, podendo vir junto a raiva.

Quando vem um filho, é natural já pensar nas roupinhas, nos acessórios. Já imaginamos a escola que queremos que ele estude, o esporte que ele vai praticar, a faculdade e assim vai.

E quando todo esse processo de idealização pode se ver água abaixo, vem um sentimento de tristeza, de dúvida, de incerteza de como as coisas vão decorrer na vida dos nossos filhos. E tudo isso pode levar à:

3 – Barganha

Essa é uma fase onde os pais ainda não têm clareza de como será a vida desse momento em diante. O sentimento de dúvida de como resolver essa dificuldade, somado ao pouco conhecimento sobre autismo, leva a pessoa a tentar resolver de qualquer forma.

É parecido com a fase da negação, mas, na fase da barganha, ela sabe que o diagnóstico é real, ela sabe que terá que enfrentas as dificuldades, mas pode tentar encontrar métodos que prometem resultados rápidos, ou qualquer outro caminho que faça aquele sofrimento cessar.

Tentar trocar os profissionais que começaram a trabalhar com a criança, levam em outro fonoaudiólogo, pesquisam outros psicólogos, compram um monte de brinquedos na expectativa de que consigam estimular a criança.

4 – Depressão

Com a confirmação do diagnóstico, as dificuldades que vão surgindo, a percepção de que a criança não está desenvolvendo como as outras, vem um sentimento de incapacidade, de achar que não vai ficar tudo bem.

Sentimento de achar que o filho não vai conseguir se desenvolver e ter uma vida feliz, se relacionar ou mesmo não conseguir cuidar de si mesmo. Pode surgir uma culpa que já é normal na maternidade, quanto mais em situações bem mais desafiadoras.

Nesse momento, é importante buscar apoio e informação de qualidade. Sair da zona de conflito emocional para encontrar soluções para as dificuldades que surgem.

Algo que agrava, é a falta de apoio e ajuda por parte dos familiares e amigos próximos. Mães solteiras, às vezes muito jovens ainda podem se sentir sozinhas, desamparadas e sem informação suficiente para saber o que fazer nesse momento.

Ajuda especializada acaba se tornando essencial para conseguir enxergar as possibilidades e como sair do sentimento de tristeza e ir para a próxima fase:

5 – Aceitação

E por fim, a ultima das 5 fases do luto no autismo, começa a constatação de vai ficar tudo bem, que você vai lutar junto com seu filho. Geralmente nessa fase, começam a vir resultados da terapia e a esperança de que ele vai continuar se desenvolvendo. Alguns casos, de forma lenta, em outros podem ser até melhor que o esperado.

Os pais começam a ver que seu filho tem chances de se desenvolver e se agarram nas possibilidades.

É muito importante na fase da aceitação permitir que ele se desenvolva no tempo dele, respeitar as metas dele, e não apenas as suas metas. É de suma importância passar confiança para a criança.

Lembre-se você não está sozinho nessa jornada. Todos nós passamos por processos de luto, mas o mais importante é sair dele com soluções que irão favorecer o desenvolvimento do seu filho sabendo que as 5 fases do luto no autismo faz parte de um processo e que vai ficar tudo bem.

Um abraço, com carinho Rachel Chaves.

13 dicas para pais de crianças com autismo

13 Dicas para pais de crianças com autismo

Nessas 13 dicas para pais de crianças com autismo, você vai perceber que a organização é essencial para ter êxito no tratamento do seu filho.

Entretanto para conseguir se organizar, você precisa entender qual a melhor forma de aprendizado do seu filho, afinal, as dicas que usualmente encontramos no senso comum sobre crianças neurotípicas provavelmente não funcionarão com uma criança com TEA.

1 – Informar-se

Antes de você dizer que essa dica é um tanto obvia, não estou falando em acessar a internet e sair lendo a primeira informação que você abrir.

Estou falando aqui de informação de qualidade, em sites confiáveis, blogs que retratam o assunto de forma séria, livros e artigos científicos.

Tenha cuidado com conteúdos sensacionalistas que encontramos em algumas buscas na internet.

O conhecimento sólido e embasado cientificamente é que te dará suporte para vencer os desafios que virão.

2 – Incentivar o filho a se cuidar sozinho

Sem dúvidas, uma das maiores dificuldades que os pais enfrentam é o cuidado diário dependendo, do grau de comprometimento das habilidades.

Na melhor das intenções, vejo famílias cuidando das necessidades fisiológicas básicas, e acabam não incentivando a criança a aprender a se cuidar sozinha.

O ensino do autocuidado é uma tarefa demanda tempo e trabalho, mas tenha em mente que, se ele conseguir autonomia no cuidado pessoal, será um ganho para toda a vida da criança e também um tempo para investir em outras atividades no desenvolvimento da criança.

3 – Dar tarefas para ele realizar

Assim como no autocuidado, é de grande importância estimular a criança a realizar tarefas. Com isso você contribui para o desenvolvimento motor, linguísticos e habilidades sociais para resolver problemas cotidianos.

Além de trabalhar a autoconfiança, você dá a ele a oportunidade de aprender com as dificuldades que ele tiver nas tarefas e caminhar para sua autonomia.

4 – Treinar a generalização do aprendizado

Aquilo que a criança aprende na terapia, é preciso aplicar no cotidiano. Não adianta achar que a criança vai se desenvolver apenas nas terapias ou na escola.

É preciso ensinar ela a transportar o conhecimento de uma figura de um objeto por exemplo com o objeto real. Ou demostrar as expressões faciais que a criança vê nos materiais pedagógicos com as expressões que as pessoas fazem no contexto social.

5 – Dividir as responsabilidades dentro de casa

Você não precisa (nem consegue) carregar o mundo todo nas costas!

Uma das coisas que observo é que muitas vezes não é só a criança que precisa de atenção, mas os pais também precisar de um olhar de cuidado devido ao desgaste que vai acontecendo dia após dia.

Aprenda a dividir responsabilidades e tarefas em casa. Às vezes você pode se sentir insegura pensando que outra pessoa não fará tão bem quanto você e acaba ficando sobrecarregada.

Mas você precisa lembrar que precisa estar bem para seu filho também ficar bem. Essa é uma frase que eu costumo usar quando falo sobre os desafios da maternidade.

6 – Dar tempo para o parceiro

Assim como você precisa de um momento de autocuidado, seu parceiro também tem a mesma necessidade. Mais uma vez, a vontade de fazer bem feito, ou pelo menos do seu agrado, muitas mães acabam não dando a chance do pai cuidar da forma dele.

Ele precisa também sentir que está exercendo sua paternidade, ainda que ele não faça da mesma forma que você faz.

Algo não menos importante é dedicar um tempo para o relacionamento. Com tantas dificuldades, uma rotina desgastante pode desestabilizar qualquer relacionamento. Ainda que pareça difícil, você precisa encontrar um tempo para sair, namorar se permitir ser feliz no seu relacionamento.

7 – Estabelecer uma refeição em família

Falando em dar atenção ao relacionamento, a família com um todo também precisa de momentos de se relacionar. Nada melhor que uma boa refeição e todos juntos à mesa para interagir e estreitar os laços familiares.

Não é novidade que a tecnologia aproxima os que estão distantes, mas distancia os que estão perto. A hora de uma refeição pode ser o único momento que todos estarão reunidos como família.

É nesses momentos que podemos conversar, compartilhar problemas, discutir soluções ou apenas brincar e se aproximar mais das pessoas que ama.

Portanto, esqueça celulares, nada de almoçar na frente da televisão. No início pode ser desconfortável, afinal, não se mudam hábitos sem desconforto, mas os resultados podem ser surpreendentes.

8 – Conversar com outros pais de filhos com autismo

Está aí algo não dá para ser desprezado de forma alguma: experiência.

Principalmente de pais que já passaram por fases que você ainda vai passar com seu filho. É claro que cada criança tem um desenvolvimento diferente da outra, mas muito sofrimento pode ser evitado se você aprender com as dificuldades e soluções que outros pais encontraram.

Além de adquirir conhecimento e ter insights do que fazer em determinadas situações, a colaboração te faz enxergar que você não está sozinha, que outras pessoas também passam pelas mesmas dificuldades, às vezes até mais difíceis que a sua.

Outro ponto importante é que ninguém vai te entender melhor do que alguém que compartilha sua dificuldade. Isso evita que você acabe seguindo conselhos de pessoas que não sabem o que é melhor para você, nem para seu filho.

9 – Procurar oportunidades para seu filho desenvolver habilidades sociais

Assim como nas outras dicas para pais de crianças com autismo, você precisa criar oportunidades para que seu filho possa desenvolver suas habilidades sociais e sua comunicação.

Ele pode ter pouca ou muita dificuldade, mas quanto mais você adiar o contato social, mais demorado fica o desenvolvimento dele. Assim, como em qualquer coisa na vida, ele precisa praticar para aprender.

10 – Trabalhar em conjunto com a escola

Essa dica também parece obvia, mas é tão importante que já escrevi sobre isso no post sobre os 3 pilares do sucesso no tratamento para autismo, e a escola é um dos pilares.

Algumas pessoas tem a tendência de achar que a escola tem que se virar com a criança com necessidade especial, e não procuram se inteirar no que está acontecendo, como será desenvolvido o plano pedagógico entre outros.

Como explico de forma detalhada no post citado acima, transtornos do neurodesenvolvimento não são como tomar um remédio para sarar uma lesão. Tudo que a criança aprender, tanto com a equipe terapêutica, quanto na escola, precisa continuar sendo praticado e reforçado no ambiente social familiar.

Sendo assim, trabalhar em conjunto com a escola, potencializa o desenvolvimento da criança nos déficits que ele tiver.

A Academia do Autismo, enfatiza a Tríade do Sucesso no Autismo, que é o trabalho em conjunto da família, escola e terapia.

11 – Lembrar os erros do passado

Se há algo que é inevitável na vida é que vamos errar. E se existe um lado bom de errar, seria ganhar experiência com as dificuldades, e com a experiência, vem a confiança. O objetivo não é se culpar, pois já sabemos o quanto é difícil a rotina de cuidados e convívio social.

Mas usar o aprendizado anterior para soluções de problemas atuais. Ninguém conhece seu filho tão bem quanto você, cada criança é única. Cada uma traz um repertório social totalmente diferente uma da outra. Com esse olhar vemos o quanto é importante o aprendizado com as dificuldades que já passaram.

12 – Criar estratégias

Uma rotina com uma demanda tão grande, precisa de planejamento. Se você não se antevir aos possíveis problemas que podem surgir, organizar seu tempo e ter uma agenda bem definida, dificilmente você conseguirá dar conta das suas demandas e do seu filho.

Planejar é algo essencial para o sucesso de qualquer tarefa que queremos realizar, aqui não seria diferente não é mesmo?

13 – Buscar ajuda especializada

Não perca tempo fazendo experimentos, tentando buscar atalhos. Procure profissionais capacitados. Fuja de promessas milagrosas! Só assim você conseguira ser assertivo nos passos anteriores.

Se você não tem acesso à uma equipe terapêutica na sua cidade, busque uma que te atenda on-line, hoje temos muitos recursos que conseguem propor soluções mesmo à distância.

Se você lembrou de alguém que precisa saber dessas informações, compartilhe “Dicas Para Pais de Crianças Com Autismo”. Tenho certeza que pode ajuda-lo.

Se ficou alguma dúvida, deixa seu comentário aqui abaixo. Você não está sozinha nessa jornada!

Um abraço!
Rachel Chaves

TOD transtorno opositivo desafiador

Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) – 3 Pilares no Tratamento

O transtorno opositivo desafiador (TOD) até pouco tempo era desconhecido do senso comum, mas o grau de dificuldade em lidar e a alta taxa de recorrência não o deixa atrás em relação aos outros tipos de transtornos.

Estudos mostram que a forma mais prejudicial, acomete em torno de 10% das crianças e até 50% dos casos, estão associados ao TDAH. O devido tratamento se torna imprescindível para que a criança não tenha perdas no aprendizado, social e emocional.

Mas afinal, o que é TOD?

De acordo com DSM-5, o transtorno opositivo desafiador se trata de um padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos seis meses.

Não se trata apenas de uma criança desobediente, que não quer ir tomar banho, ir dormir, sair do videogame ou arrumar o quarto quando você manda.

Em primeiro lugar, precisamos entender que só se caracteriza um transtorno quando há a prejuízos na aprendizagem e no convívio social. Sendo assim, o TOD se caracteriza por crianças que estão o tempo todo contradizendo o que você diz.

Elas enfrentam, fazem o oposto do que você diz. Outra característica marcante é a esquiva, eles têm dificuldade em assumir suas ações e colocam a culpa em fatores externos ou em outras pessoas.

Vale lembrar que crianças com esse transtorno costumam ter problemas com autoestima, estão constantemente irritadas e podem acumular um prejuízo grande de aprendizagem e convívio social por não conseguirem seguir regras na escola e as orientação dos professores, pais e até mesmo colegas em brincadeiras.

Como se dá o tratamento?

O tratamento é multidisciplinar e se estabelece em torno de 3 segmentos:

  • Medicação;
  • Psicoterapia;
  • Suporte escolar;

Medicação

A medicação melhora a autorregulação do humor frente às frustrações.

Os medicamentos mais estudados para tratamento de transtorno de conduta (TC) e transtorno opositor desafiador (TOD) são os antipsicóticos e estabilizadores de humor.

Atualmente, os antipsicóticos atípicos como a risperidona são estudados e, especialmente em pacientes com baixo QI, é considerada significativamente eficaz na melhora da calma.

A risperidona tem um efeito favorável sobre um certo número de transtornos relacionados ao pensamento, emoções e comportamentos. Também melhora a tensão causada por esses transtornos além de ansiedade, agitação, redução da atenção / concentração, diminuição da capacidade de julgamento e comportamentos inadequados e agressivos.

Para ver mais detalhes sobre medicamento, clique no link abaixo para acessar um artigo disponibilizado no portal de secretaria da saúde Rio Preto SP:

http://saude.riopreto.sp.gov.br/transparencia/arqu/arqufunc/2018/risperidona_tod.pdf

Psicoterapia

A psicoterapia trabalha na mudança comportamental da família com medidas de manejo educacional como:

  • dar bons exemplos;
  • ter paciência;
  • explicar o motivo das ordens dadas;
  • entre outros;

A terapia para família pode ser necessária também. Esse ambiente familiar onde a criança está inserida é avaliado e a relação social que essa criança responde ao ser requirida sua participação.

Dessa forma, a terapia foca naquelas situações em que a criança precisa lidar com a frustração. É nesse momento que surge a raiva e outros traços ditos anteriormente.

Suporte escolar

O suporte escolar entra com apoio, reforço e abertura para um bom diálogo. Essa abertura melhora a interação do aluno opositor com as regras escolares.

Aqui você já observa que o diálogo com os pais é de suma importância para saber como lidar com a criança, saber do que gosta, o que mais chama sua atenção e onde tem mais dificuldade.

Já sabemos que a criança com transtorno opositivo desafiador (TOD) se opõe às regras e aos comandos do educador. Mas o profissional precisa ter a ideia clara de quem tem a autoridade é ele e não a criança.

Uma boa dica é o profissional se conter quando a criança tiver em um momento de raiva advinda de alguma contradição ou frustração. Aqui vale lembrar que a criança não consegue controlar essa raiva. Após 30 ou 40 minutos, conversar com a criança já mais calma e mostrar o que aconteceu. Dessa forma ela conseguirá perceber que existem caminhos mais vantajosos tanto para ela quanto para outras pessoas que se relacionam com a criança.

Outros aspectos importantes sobre transtorno opositivo desafiador

Outro fator muito importante a ser diagnosticado é a existência de outros transtornos que podem estar interligados ao TOD, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA) e transtorno bipolar.

Estudos mostram que em até 50% dos casos, TDAH e TOD se apresentam associados.

Assim a criança pode ter TOD porque apresenta mais de uma dessas condições. O diagnóstico completo é de suma importância para que seja tratado de forma completa, de acordo com os déficits e necessidades que a criança apresentar.

Importante lembrar que se a criança não conseguir evoluir e lidar com suas frustrações, terá muitas dificuldades na adolescência e na vida adulta.

Infelizmente sabemos que a sociedade que já é carregada de preconceitos tem mais dificuldade em entender e acolher esses tipos de transtornos como transtorno opositivo desafiador (TOD) e mais tarde transtorno de conduta (TC) caso a criança não seja atendida com tratamento adequado.

Lembre-se, inclusão é uma responsabilidade de todos nós!